Com o seu último número publicado em Janeiro de 1976, o jornal "República" pertence hoje à história da imprensa portuguesa. A sociedade actual já pouco tem a ver com as disputas entre PS e PCP para a tomada de poder. Poucos jovens saberão dizer o que aconteceu no Largo da Misericórdia naquela Segunda-feira, dia 19 de Maio de 1975.

Se, por um lado, ao suscitar a reflexão sobre questões como a do direito à informação, a organização da empresa jornalística ou a participação dos trabalhadores nos destinos das empresas, contribuiu para a instauração da democracia pluralista, o jornal "República" foi, por seu turno, vítima de instrumentalização política: por um lado a tese socialista afirmando que o PCP teria tentado uma apropriação do jornal, inserida numa política organizada de controlo dos órgãos de comunicação social e, por outro, a tese comunista acusando o PS de empolamento dos factos com o intuito principal de denegrir a imagem do PCP e, simultaneamente, de se autopromover.